terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A Roda da Misericórdia

A RODA DA MISERICÓRDIA
OU ALFORRIA DOS INOCENTES
Uma Alternativa ao Aborto
J. Jorge Peralta
Roda da Misericórdia - Basílica da Estrela - Lisboa - Pt
1. Foi divulgado na grande imprensa nacional, no Brasil, um acontecimento que faz pensar a quem tem responsabilidade social: uma jovem escondeu sua gravidez indesejada da família. Após dar à luz o seu filho, descartou-o jogando-o, embrulhado, em um terreno baldio, do outro lado de um muro, de quatro metros de altura, vizinho ao seu quintal. Pelo choro, alguém descobriu a criança e encaminhou-a às autoridades. Descoberta,  a mãe tem contas a pagar à justiça. Este é um fato, triste e trágico, entre muitos milhares diários.

2. Até o ano de 1950 no Brasil, existia uma multissecular  e benemérita instituição, denominada Roda da Misericórdia, também chamada Roda dos Enjeitados ou Roda dos Expostos
A Roda sempre esteve disponível nos Conventos Femininos e nos Hospitais – Santas Casas de Misericórdia. Na Roda da Misericórdia, as famílias depositavam doações anônimas de gêneros alimentícios, para a manutenção das religiosas.
Na mesma Roda da Misericórdia, as mulheres que engravidavam  em condições não aprovadas socialmente, depositavam secretamente seus filhos não desejados, para lhes garantir um nome e cidadania, de alguém que viesse a adotá-los. “Proibidas” socialmente de mantê-los, as mães preservavam suas vidas, com  a compreensão da própria sociedade, que lhes dava uma alternativa digna.

3. No nosso tempo destrambelado, hipócrita e  desumano a instituição da Roda foi abolida.
As mulheres que, por algum descuido, engravidarem têm uma única saída criminosa: abortar, ou, depois que a criança nascer, descartá-la, como se fosse algo inanimado...
Para resolver o impasse, a nossa sociedade, hipócrita e sádica, propõe-se a legalizar o aborto. A mãe, sem cometer crime legal, pode matar o feto, para não ser incomodada...

4. Diante destas duas soluções antagônicas: A Roda da Vida ou o aborto: a Matança dos Inocentes, por longo tempo penso em uma saída humana para esta  tragédia.
Depois de muito pensar, veio-me uma terceira saída, como opção digna: que a sociedade restaure a Roda da Misericórdia, em novas dimensões:
A toda a mulher, que venha a ter um filho  “indesejado” e que não puder pagar médico para a assistir ou hospital para dar à luz, serão concedidos  todos os direitos, em caráter  de irrestrita privacidade, tais como: assistência médica gratuita, exames e orientação, pré-natal, parto assistido e acompanhamento pós-parto.
Esta solução poderia ter o nome de “Proteção dos Inocentes” ou “Roda da Vida”.

5. Deve ficará estabelecido em lei que o Estado assumirá a responsabilidade de cuidar dessas crianças, inclusive procurando uma família que a adote e cuide de sua saúde, educação e bem-estar.
O Estado deve acompanhar a vida dessa criança e o tratamento que a família adotiva lhe proporciona, até os 14 anos de idade, no mínimo.
O Estado deverá providenciar o surgimento e o apoio a instituições particulares, do tipo “Aldeias SOS”, financiadas e cuidadas por empresários, para possibilitar uma real socialização a essas crianças. Já existem outras instituições deste gênero.

PROJETO DE LEI
            6. Proponho que algum Deputado Federal ou Estadual proponha um projeto lei deste molde.
Este projeto, de alta densidade humana, deveria estar preparado para atender algumas centenas de mulheres/jovens por mês.

7. O Projeto de Lei “Proteção dos Inocentes”, também deveria estimular a organização de casas especializadas por instituições particulares ou públicas, de preferência sem fins lucrativos, para atender condignamente essas mulheres, e cuidar de suas crianças.
As crianças não adotadas estariam à disposição das mães que poderiam retomá-las logo que pudessem cuidar delas.
Um projeto desta natureza, diminuiria em muito o número das crianças e malfeitores que têm a rua como escola do crime e da violência urbana.
Em contrapartida, dando às crianças uma educação de caráter adequada e um lar com dignidade, em cada criança teríamos mais um jovem ou adulto capaz de contribuir para o bem estar  social e de ganhar o próprio pão com o suor do seu rosto, como fazem as pessoas dignas.

Leitor: Leve este esboço de sugestão para um deputado ou vereador seu amigo.
Você estará ajudando a criar uma sociedade mais justa.
(10.01.2011)

O 4º Rei Mago

REIS MAGOS, VENTUROSOS
Chegada do 4º Rei
J. Jorge Peralta

I – Aurora de um Novo Tempo
Presépio em Nova Dimensão

Figuras Talhadas em madeira
1. A celebração dos Reis Magos, no dia 06 de janeiro, faz parte dos desdobramentos da Celebração do Natal Cristão. A presença dos Reis Magos e sua partida encerram o Ciclo do Natal, e abrem uma Nova Era, além fronteiras da Judéia. É a Epifania: Cristo exposto ao mundo.
Os Reis Magos marcam a Aurora de um Novo Tempo: A fraternidade Universal, aberta a todos os povos.
Os três Reis Magos fazem parte do cenário mágico e cheio de encanto do nascimento de Cristo, ambientado na Gruta de Belém, que é uma das mais belas e mais singelas marcas do cristianismo. Cria um ambiente cheio de beleza, simplicidade, despojamento e encantamento espiritual, como uma nova mensagem ao mundo.
Não pode haver quem não se sensibilize e se encante com este cenário vivo,  versátil e inspirador... Todos sentem que algo se anuncia, como um sonho dourado...

2. Em torno do Presépio respira-se uma atmosfera de mais profunda espiritualidade e humanismo, num sentimento de reconciliação universal e de confraternização das pessoas de todas as classes sociais. Suprem-se as barreiras que confinam as pessoas.
Há uma sensação de liberdade no ar. Uma revolução pacífica, sem traumas. O símbolo é um Menino: a força da vida vencendo a força da barbárie.
Um profundo ar de mistério e de claridade enche a amplidão.
O Presépio de Natal marca o reencontro do céu e da terra, dos humanos, e dos animais, dos mortais e dos imortais. O reencontro de todos os viventes em torno do Altíssimo:  o canto e o encanto das criaturas.

3. O Presépio de Natal, o estábulo, é um longo e vibrante discurso, com poucas palavras e muita ação. Entenda quem lê, escuta e vê.
Os grandes princípios, os pilares do cristianismo e do humanismo estão bem  claros, implícitos e explícitos,  na simplicidade despojada do Presépio e em toda a interação, em muitas dimensões, que aí se manifestou: humanos, seres celestiais, pastores, rebanhos, cantos, danças, gente pobre, gente rica, homens, mulheres, jovens e crianças, a vaca, o burrinho, os Reis Magos, o Governador da Galiléia, etc, etc.
Todos os viventes, de todos os tempos e espaços e de todas as culturas e religiões ali estão representados, absortos e encantados com a “Nova Mensagem”, sem palavreado...
Finalmente o Messias prometido chegou. O cativeiro espiritual acabou.

4. Agora o povo já pode retomar as cítaras e as liras que outrora nos salgueiros pendurou. Agora pode cantar em liberdade, os cantos  do seu Senhor, da Nova Sião.
Já pode tocar seus instrumentos, cantar, dançar, se confraternizar com incontida alegria, em harmonia com todos os povos, sem excluídos.
O Messias chegou; o mundo testemunhou; a tristeza acabou e a alegria se propagou, ao som das flautas, cítaras e liras. Um novo templo se edificou na Nova Jerusalém espiritual: Uma gruta funcional, tendo a abóbada celeste estrelada, como teto do Novo Templo. Nessa imensa Catedral do Universo todos os povos se confraternizam.
Os Reis Magos foram os avalistas  universais da Nova Jerusalém, prevista nas Escrituras.
Quando aprendermos as grandes lições do Presépio, estaremos preparados para entender melhor todo o Evangelho, de que ali se escreve e manifesta o grande exórdio, sem palavras.

Um Novo Espírito paira sobre o Presépio, como pairava sobre as águas do Gênesis.
Veremos então o Evangelho como uma das obras primas da humanidade. O Presépio marca um Novo Gênesis, um novo paraíso terreal. Mas em contrapartida, os semeadores de cizânia sempre lançarão forças contrárias, como tentou Herodes...
A Gruta de Belém, o Presépio, é um cenário apoteótico, eterno e imortal que jamais será desmontado. É uma alegoria imortal e eloquente. Este cenário revive na vida das pessoas que o reconhecem, em suas vidas.

II - Os Três Reis Magos

5. Destacamos aqui a presença dos Reis Magos que vieram de longe, guiados por uma estrela, para venerar um Rei Menino, que alguma revelação e convocação interior e espiritual lhes dizia que era o Messias, o Rei dos Reis, o Mensageiro da Luz e da Vida. Disto não tinham dúvida.
Os Presentes dos Três Reis representavam as Três Grandes Fases da Vida de Cristo, segundo exposição de Antônio Vieira, o Magno.
Ouro – A Fase gozosa: Infância, Adolescência e Pregação. A vida exuberante no seu esplendor. A espiritualidade. A peregrinação. A confraternização, a convivência
Mirra – A Fase dolorosa: Paixão. A tristeza, o sofrimento e desilusões da vida, a serem superadas
Incenso – A Fase gloriosa: Ressurreição. A alegria sem jaça e eterna. A superação das adversidades. A divindade
No Evangelho, os Três Reis Magos são apresentados sem mais especificações. São pessoas especiais que vêm homenagear um Menino predestinado... da família de Davi.
É que, para o cristianismo as pessoas são todas iguais, enquanto seres humanos, sem superiores nem inferiores. Por isso não é informada a cor da pele ou a região de cada um. Isto não era pertinente.

6. A Tradição Cristã diz-nos que os Três Reis Magos representavam os Três Continentes, então conhecidos: A Europa, a África e a Ásia.
O Africano era negro, procedente da Etiópia, de nome Baltazar. Teria sido o antepassado de Prestes João. Os outros dois eram brancos, da Europa e da Ásia.
A tradição nos revela o nome dos Três Reis:
Melchior, Gaspar e Baltazar. Seriam descendentes dos três filhos de Noé: Sem, Cam e Jafé.
Os três Reis ao chegarem juntos à gruta, juntos presentearam o Menino. Confirmam, para sempre, os direitos iguais de todos os povos e de todas as raças, sem discriminação. Brancos, Negros, Amarelos ou Vermelhos, no Cristianismo, todos têm cidadania plena. Rejeita a discriminação.

7. Os Três Reis trouxeram presentes para o Rei dos Reis. Trouxeram ouro, incenso e mirra, como já observamos.
O ouro para homenagear a realeza e a imortalidade: o poder maior, o poder espiritual. Representava a vida de Cristo pelo mundo, pregando a Mensagem. Representa a Mensagem Eterna do Evangelho
A mirra representa a vida dolorosa de Cristo, seu sofrimento, paixão e morte: o sofrimento dos humanos.
O incenso  significa a Ressurreição gloriosa de Cristo, o triunfo sobre o sofrimento e a morte. A volta para o Pai. A vinda do Espírito Inspirador.
Desta forma, os Reis Magos, com seus presentes, também profetizaram a vida de Cristo e a Dinâmica da Mensagem do Evangelho. A força dinâmica e transformadora da Nova Mensagem.

8. Os Reis Magos, chegados a 6 de janeiro, acamparam nas proximidades do Presépio. Suas caravanas e seus servos cuidaram de seus camelos.
Caravanas de camelos eram comuns por aquelas terras.
Após a visita ao Menino, os Reis confabularam longamente entre si; conversaram com Maria, a Mãe do Menino e com seu Pai, José. Ficaram encantados com o espírito de sabedoria que rescendia daquele espaço, com foco no Presépio, a gruta de Belém. Teriam muito para refletir por muitas gerações. São os emissários de um Deus Menino, o Cristo da Paz.
Sentiam que um Novo Mundo ali se manifestava, naquela mensagem de paz e de desprendimento, revelando a alegria de viver, na fraternidade universal, quando todos compartilham o pão, que todos ajudam a produzir, solidariamente, como irmãos. Em seus rostos e em seu coração brilhava Nova Luz.

III – O Quarto Rei Mago - Tibiriçá

9. Diz o Magno Orador, o P. Antônio Vieira, que faltou no Dia de Reis, no Presépio, o Rei que representava o quarto Continente, descoberto pelos Portugueses: a América, ainda desconhecida.
Um grande pintor português, do século XV e XVI, Grão Vasco, pintou, entre 1500 e 1506, uma tela sugestiva e inovadora, representando a chegada  de quatro Reis Magos ao Presépio.
O Continente Americano está representado por um índio brasileiro, a quem poderíamos dar o nome de Tibiriçá. Tibiriçá é o nome do chefe indígena que, em São Paulo, no século XVI, foi o grande arrimo dos Jesuítas, comandados por Manuel da Nóbrega, na implantação da nova civilização e do cristianismo no Novo Mundo. Seus despojos repousam na cripta da Catedral da Sé.

10. Qual seria o presente do 4º  Rei Mago, das Américas – Tibiriçá?
Eu acredito que seria uma ânfora de água pura da rocha.
A água é essencial à vida, e está disponível para todos, por toda a parte. Na hora da sede, um copo de água recupera vidas. A água, como presente, representaria a alteridade que é a essência do Mandamento Novo: a Confraternização de todos os Povos. Um copo de água, no deserto, vale mais que seu peso em ouro. O Brasil tem os maiores mananciais de água da terra. Algo precioso.
A chegada do quarto Rei Mago, completa o sentido da Universalidade, significada nos quatro pontos cardeais.
O quarto Rei Mago das Américas, o Tibiriçá, chegou ao Presépio apenas em 1500, mas com uma missão sublime: Profetizar a renovação do Mundo, a partir do Brasil. Este é um processo em curso, que não sabemos como nem quando será plenificado. Há sempre forças tentando postergá-lo. No entanto, a escalada do Bem é irreversível.

Personagens Eternos
11. Os Reis Magos são personagens imortais, eternos. Viverão enquanto reviver, todos os dias, pelo mundo a fora, a Mensagem do Presépio de Belém, iluminado por uma estrela também eterna: a Estrela da Manhã que precede a Nova Alvorada, que já vai surgindo, retardado por forças repressoras, sempre de prontidão.
Terminada a sua Missão de homenagear o Rei dos Reis, após alguns dias de convivência. Os Reis Magos levantaram o acampamento. Com seus camelos voltaram para seus países, onde contaram a seus povos as maravilhas que viram e ouvira. Como alegoria, sua missão é contínua e perene.
(06.01.2011)